Mapa geográfico das fraudes em criptomoedas: do Vale do Silício a Mumbai, golpes não conhecem fronteiras
41% vêm da Ásia, 28% vêm da América do Norte, as etiquetas de origem são puramente falsas.
41% vêm da Ásia, 28% da América do Norte, os rótulos regionais são pura mentira.
Autor: Mars_DeFi
Tradução: Chopper, Foresight News
No início do desenvolvimento das criptomoedas, muitos acreditavam que golpes eram um preço inevitável da inovação, e que “rug pulls” ou “exit scams” estavam restritos a poucos criminosos em cantos não regulamentados da internet.
Mas, ao longo dos anos, jornalistas independentes como ZachXBT começaram a revelar uma verdade perturbadora: os golpes com criptomoedas já se tornaram globalizados.
Somente entre 2022 e 2025, ZachXBT registrou 118 casos de fraudes financeiras de diferentes tipos, desde esquemas de NFT que movimentaram milhões de dólares até redes complexas de lavagem de dinheiro cross-chain. Seus relatórios de investigação expuseram golpistas em todos os continentes: desde projetos de Memecoin promovidos por influenciadores do Vale do Silício, até quadrilhas de golpes no Telegram em Mumbai e grupos de pump and dump em Istambul.
A consistência dos dados é chocante: nenhum país ou região está imune à ação de golpistas.
O mito dos golpistas regionais
O recurso recente de exibição de localização geográfica na plataforma social X, criado para aumentar a transparência, acabou gerando discussões relacionadas à xenofobia.
Muitos usuários começaram a atacar outros com base no país de origem de suas contas, especialmente contas relacionadas à Índia, Nigéria e Rússia, rotulando todos os cidadãos desses países como “golpistas”.
No entanto, a investigação de ZachXBT conta uma história completamente diferente. Abaixo está um breve resumo dos dados investigados por ZachXBT nos últimos três anos:
Entre os 118 casos de golpes verificados:
- Cerca de 41% originaram-se na Ásia (Índia, China, Sudeste Asiático)
- Cerca de 28% originaram-se na América do Norte
- Cerca de 15% originaram-se na Europa
- Cerca de 10% envolveram a África
- Cerca de 6% não puderam ser rastreados devido a mixers ou moedas de privacidade, permanecendo anônimos
A distribuição regional dos golpistas nestes 118 relatórios também merece atenção:

Distribuição regional dos golpistas de criptomoedas identificados por ZachXBT
O que os dados revelam não é um problema localizado, mas sim uma falha moral presente em escala global.
Esses dados expõem um fato crucial frequentemente ignorado nas discussões online: apesar de africanos (especialmente nigerianos) serem frequentemente e injustamente rotulados como golpistas de criptomoedas, a realidade é completamente diferente.
Isso mostra que golpes com criptomoedas não estão restritos a uma região, mas são um problema global que atravessa fronteiras, idiomas e culturas.
Analisando golpes de criptomoedas sob uma perspectiva macro

1) Países com maior valor roubado por vítima entre janeiro de 2025 e junho de 2025
Para quem acusa cegamente a Nigéria ou a Índia, o primeiro gráfico é suficiente para chocar. Os 10 países com maior valor médio roubado por vítima são:
- Emirados Árabes Unidos — cerca de US$ 78.000
- Estados Unidos — cerca de US$ 77.000
- Chile — cerca de US$ 52.000
- Índia — cerca de US$ 51.000
- Lituânia — cerca de US$ 38.000
- Japão — cerca de US$ 26.000
- Irã — cerca de US$ 25.000
- Israel — cerca de US$ 12.000
- Noruega — cerca de US$ 12.000
- Alemanha — cerca de US$ 11.000
Percebeu? A Nigéria nem aparece nessa lista, enquanto Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, vários países europeus e asiáticos estão presentes.
Se os estereótipos fossem verdadeiros, Nigéria ou Índia liderariam essa lista, mas não é o caso.
2) Mapa global de vítimas de golpes com criptomoedas (2022-2025)
Quando ampliamos o olhar para o número total de vítimas globalmente, a distribuição geográfica fica ainda mais clara. As vítimas estão espalhadas pela América do Norte, América do Sul, Europa, Oriente Médio, Norte da África e Ásia.
As regiões com maior número de vítimas incluem: Europa Ocidental e Oriental, América do Norte, partes da Ásia, Oriente Médio e Norte da África.
E a África? Comparada à Europa, Américas e Ásia, o número total de carteiras vítimas na África é muito menor. Isso não é uma opinião pessoal, mas um fato objetivo apresentado pelo mapa.
3) Regiões com crescimento mais rápido de vítimas de golpes com criptomoedas (2024-2025, ano a ano)
O terceiro gráfico mostra as regiões onde o crescimento dos golpes é mais acelerado, com as seguintes taxas de crescimento de vítimas ano a ano:
- Europa Oriental — cerca de 380%
- Oriente Médio e Norte da África — cerca de 300%
- Ásia Central/Sul e Oceania — cerca de 270%
- América do Norte — cerca de 230%
- América Latina — cerca de 200%
- Região Ásia-Pacífico — cerca de 140%
- Europa (total) — cerca de 120%
- África Subsaariana — cerca de 100%
Mais uma vez, a taxa de crescimento da África está no final da lista. Enquanto isso:
- Europa e Oriente Médio/Norte da África lideram o crescimento global de vítimas
- América do Norte e América Latina vêm logo atrás
- Ásia-Pacífico e a região da Índia estão em nível intermediário
- A África é a região menos afetada em todo o conjunto de dados
Se a Nigéria fosse o centro global de golpes, a África não estaria no final desse ranking.
A verdade é: golpes com criptomoedas não são um problema da Nigéria ou da Índia, mas sim um problema global.
Os dados destroem completamente os estereótipos:
- Os países com maior valor roubado por vítima não são africanos ou indianos
- As regiões com crescimento mais rápido de golpes não são a África ou a região da Índia
- A África tem a menor taxa de crescimento de vítimas ano a ano
Então, por que nigerianos e indianos são injustamente rotulados como “golpistas”? Porque as pessoas costumam julgar com base em emoções, não em evidências; porque um golpe viral em uma região acaba rotulando coletivamente 200 milhões de pessoas, e o preconceito online se espalha muito mais rápido que a verdade.
De acordo com os dados:
- A Nigéria não está entre os países com maiores perdas.
- A África tem o menor aumento de vítimas de golpes.
- Os dados da Europa e América do Norte são piores.
- Regiões asiáticas como Emirados Árabes Unidos e Índia enfrentam roubos de valores altíssimos.
Se uma região tivesse mais golpistas, o número de vítimas também seria alto (golpistas atuam onde estão familiarizados). Mas a África e a Índia não mostram esse padrão.
Se nigerianos e indianos generalizassem como outros fazem, poderiam facilmente apontar o dedo para a Europa, EUA, América do Sul, Oriente Médio e Norte da África.
Mas eles não fazem isso, porque pessoas responsáveis entendem: golpistas existem em todos os lugares — em todas as raças, regiões e países; vítimas de golpes estão espalhadas pelo mundo; nenhum grupo deve ser rotulado pelas ações de uma minoria criminosa.
Postagens recentes de pessoas como @TheQuartering criticando “golpistas indianos” (x.com/TheQuartering/status/1992098997281194375) mostram claramente como a xenofobia explora a dor real das pessoas. Retratar um país ou comunidade inteira como criminosa só aumenta o sofrimento.
A investigação de ZachXBT também expôs golpes de youtubers americanos, desenvolvedores DeFi europeus e grupos de marketing asiáticos. Golpes com criptomoedas não são determinados por nacionalidade, mas sim pelo anonimato sem restrições, ganância e negligência regulatória.
Como podemos fazer melhor?
Para que as criptomoedas amadureçam, não basta regulação, é preciso uma reconstrução moral coletiva. Podemos começar por:
- Substituir o preconceito nacional por transparência: exigir auditorias públicas dos fundadores dos projetos, KYC e divulgação de informações on-chain, em vez de julgamentos baseados em nacionalidade.
- Apoiar o jornalismo investigativo: investigadores como ZachXBT e pequenas comunidades de detetives já ajudaram a evitar perdas de milhões de dólares. Devemos divulgar seus trabalhos, não ruídos nacionalistas.
- Manter cautela constante: trate cada projeto como potencial golpe até que se prove o contrário.
- Denunciar, não zombar: ao encontrar contas suspeitas, use canais de verificação ou recursos de denúncia, em vez de espalhar ódio.
Resumo
As criptomoedas nasceram de ideais de descentralização e liberdade, mas sem mecanismos de responsabilização, esses ideais foram distorcidos em ferramentas de exploração global. Existem golpistas em todas as regiões, assim como vítimas. Vamos acabar com a “xenofobia on-chain”.
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