Deixando de lado o "ex de Altman", quão insana é a trajetória de sucesso de Lachy Groom

Pare de focar apenas nos rótulos de “ex-namorado de Sam Altman” ou “vítima de assalto”! Após se formar no ensino médio e se aventurar no Vale do Silício, a vida de Lachy Groom é realmente uma história de superação hardcore.

Por: KarenZ, Foresight News

Quando uma mansão em São Francisco avaliada em 4,4 milhões de dólares foi alvo de um assalto armado por um criminoso disfarçado de entregador, e 11 milhões de dólares em criptomoedas foram roubados, o foco desse caso inusitado não foi apenas a habilidade dos ladrões, mas também o fato de o proprietário, Lachy Groom, ter se tornado inesperadamente o centro das atenções.

De acordo com o New York Post, que obteve informações de fontes policiais e pessoas próximas ao passado de Sam Altman, um assaltante armado, disfarçado de entregador, tocou a campainha da residência. Naquele momento, a vítima direta do assalto era Joshua — colega de quarto e parceiro de negócios de Lachy Groom. O criminoso usou o pretexto de entregar um pacote e pedir uma caneta para abrir a porta, e então sacou uma arma para controlar a situação.

Os 90 minutos seguintes foram um pesadelo: Joshua foi amarrado com fita adesiva, agredido e, do outro lado da linha, um cúmplice lia suas informações pessoais para extorção. No fim, os assaltantes forçaram Joshua a esvaziar sua carteira de criptomoedas, roubando cerca de 11 milhões de dólares em Ethereum e Bitcoin, além de levarem seu celular e notebook.

O caso explodiu na mídia devido à identidade do proprietário — o ex-namorado de Sam Altman. O New York Post afirma que registros imobiliários mostram que Lachy Groom comprou a casa na rua Dorland em 2021 do irmão de Sam Altman por 1,8 milhão de dólares, e que ele já foi um parceiro íntimo do “pai do ChatGPT”.

Embora as manchetes definam Lachy Groom como “ex-namorado do chefe do ChatGPT, Sam Altman”, se você acha que ele é apenas “o homem que esteve ao lado de Altman”, está muito enganado.

Foto publicada no Facebook em 2014 por Sam Altman e Lachy Groom.

Em 2018, os dois participaram da Allen & Company Sun Valley Conference em Idaho. Fonte: Getty Images

Deixando de lado os boatos e o azar do assalto, se você analisar o currículo de Lachy Groom, verá que, mesmo sem o “brilho” de Sam Altman, sua trajetória já seria suficiente para fazer 99% dos empreendedores lerem sua história de joelhos.

Prodígio, ex-executivo da Stripe, investidor de elite, 30º funcionário da Stripe, cofundador da empresa de robótica de IA Physical Intelligence — todos esses são rótulos do jovem australiano de 31 anos, Lachy Groom. Ele também apostou pesado em Figma, Notion e Ramp quando ainda eram desconhecidos.

Hoje, aproveitando o gancho desse “assalto”, vamos explorar a trajetória desse “caçador de talentos” vindo de Perth, Austrália.

Começo em uma pequena cidade australiana: não queria estudar, só queria ganhar dinheiro

Nascido em Perth, Austrália, Lachy Groom claramente seguiu o roteiro do “filho que todos gostariam de ter”.

Segundo reportagens do The West Australian e SmartCompany em 2012, Lachy Groom era um verdadeiro “jovem geek”.

• Entrou no ramo aos 10 anos: seu avô lhe ensinou HTML e CSS, e ele ficou fascinado por programação.
• Dos 13 aos 17 anos, fundou e vendeu três empresas: PSDtoWP, PAGGStack.com e iPadCaseFinder.com.
• A quarta startup de Lachy Groom, Cardnap, permitia aos usuários buscar cartões-presente com desconto e revender seus próprios cartões.

Em entrevista ao The West Australian, o pai de Lachy, Geoff Groom, relembra que o filho sempre teve espírito empreendedor, ganhando dinheiro passeando com cachorros, montando uma barraca de limonada com amigos e sempre buscando oportunidades para faturar uma graninha extra.

Após se formar no ensino médio, Lachy Groom foi muito claro: não achava que a educação universitária tradicional poderia lhe ensinar o que queria. Então, tomou uma decisão que mudaria seu destino: ir para os Estados Unidos, para São Francisco, o lugar mais próximo do coração da internet.

Por quê? Porque, aos 17 anos, Lachy percebeu uma realidade: o ecossistema de startups da Austrália não podia competir com São Francisco e o Vale do Silício. Mais importante ainda, ele descobriu uma verdade dura sobre negócios: “as avaliações nos EUA são muito mais altas”.

Ingressando no círculo de elite da Stripe Mafia

Ao chegar nos EUA, Lachy Groom não virou VC imediatamente, mas entrou em uma empresa que ainda estava crescendo — a Stripe. Isso se mostrou não apenas um emprego, mas um ingresso para o centro do poder do Vale do Silício.

Segundo seu perfil no LinkedIn, Lachy Groom foi o 30º funcionário da Stripe, começando na área de crescimento, depois gerenciando equipes globais de expansão e operações, participando da expansão da Stripe em Singapura, Hong Kong e Nova Zelândia, e mais tarde liderando o negócio de cartões da Stripe.

Durante os 7 anos de Lachy Groom na Stripe (2012-2018), ele testemunhou a transformação da empresa em um “monstro do Vale do Silício”. Isso foi mais do que uma experiência profissional — foi um MBA prático sobre como construir produtos escaláveis na era da internet.

Essa experiência lhe trouxe três riquezas valiosas:

1. Liberdade financeira.

2. Acumulou vasta experiência operacional na Stripe, entendendo profundamente como um B2B SaaS pode crescer do zero para bilhões.

3. Graças ao seu desempenho na Stripe, Lachy Groom tornou-se um membro importante da “Stripe Mafia”. Esse grupo hoje ocupa metade do cenário de venture capital do Vale do Silício.

Virando investidor “lobo solitário”

Em 2018, Lachy Groom tomou uma decisão ousada: decidiu “voar solo” e deixou a Stripe.

Ele não se juntou a grandes fundos, mas adotou o modelo Solo Capitalist (capitalista solitário), tornando-se investidor-anjo em tempo integral, com uma abordagem totalmente diferente da maioria dos anjos.

A Hustle Fund já analisou seu “método”: enquanto a maioria dos anjos “espalha a rede” (investe em 100 empresas, 5 mil dólares em cada, torcendo para algumas darem certo), Groom é um “atirador de elite”, disposto a assinar cheques de 100 mil a 500 mil dólares quando acredita em algo, e decide rapidamente.

A estratégia de investimento de Lachy Groom pode ser resumida em uma frase: investir em ferramentas que usuários ou desenvolvedores amam espontaneamente, não em softwares usados por obrigação. Seus princípios incluem adoção bottom-up, resolver problemas reais de workflow e investir com cautela e significado.

Segundo a PitchBook, Lachy Groom já fez 204 investimentos, com um portfólio de 122 empresas, gerindo investimentos por meio de vários fundos, famoso por sua alta taxa de acerto, coragem para liderar rodadas e foco em B2B/SaaS. Veja alguns de seus “projetos mágicos”:

• Figma: Lachy Groom investiu na rodada seed da Figma em 2018, quando a empresa valia 94 milhões de dólares. Em 15 de setembro de 2022, a Adobe anunciou que compraria a Figma por cerca de 20 bilhões de dólares, mas em 2023 o acordo foi cancelado. Depois, a Figma seguiu para o IPO, listando-se na Bolsa de Nova York em 31 de julho de 2025, atingindo um valor de mercado de 67,6 bilhões de dólares no dia da estreia, atualmente recuando para 17,5 bilhões. Considerando o valor atual, o investimento de Lachy Groom rendeu 185 vezes.
• Notion: Em 2019, Lachy Groom foi um dos líderes do investimento na Notion, que então valia 800 milhões de dólares. Dois anos depois (2021), a Notion já valia 10 bilhões. Segundo a CNBC, em setembro deste ano, a receita anualizada da Notion ultrapassou 500 milhões de dólares.
• Ramp: Lachy Groom participou da rodada seed da fintech internacional Ramp.
• Lattice: Investiu cedo na plataforma de gestão de talentos Lattice, quando a empresa ainda buscava product-market fit (por volta de 2016-2017).

Podemos ver a lógica de investimento de Lachy Groom: apostar em produtos que reinventam o modo de trabalhar e em jovens que, como ele, querem mudar o mundo.

Próxima parada: dar um “cérebro” aos robôs

Depois de ganhar muito dinheiro com software, Lachy Groom voltou seus olhos para áreas ainda mais hardcore.

Com a chegada da era da IA, Lachy Groom começou a pensar em uma questão maior: se as fronteiras entre IA e hardware ficarem borradas, onde acontecerá a próxima inovação em escala de internet? A resposta: levar IA geral ao mundo físico.

Em março de 2024, ele deixou de se contentar apenas com investimentos e, junto com alguns cientistas de peso, fundou a empresa de robótica Physical Intelligence (Pi).

A equipe de cofundadores da Physical Intelligence é de peso:

• Karol Hausman: ex-cientista sênior do Google DeepMind e professor adjunto em Stanford.
• Chelsea Finn: ex-integrante do Google Brain, atualmente professora assistente de ciência da computação e engenharia elétrica em Stanford.
• Adnan Esmail: trabalhou quatro anos na Tesla e foi arquiteto-chefe e VP sênior de engenharia na Anduril Industries, empresa americana de tecnologia de defesa.
• Brian Ichter: ex-pesquisador do Google DeepMind e Google Brain.

O objetivo da empresa parece coisa de ficção científica: desenvolver um modelo fundamental universal para servir de “cérebro” dos robôs, tornando-os agentes inteligentes capazes de se adaptar a ambientes complexos, e não apenas máquinas que apertam parafusos. Lachy Groom já afirmou que o diferencial da Physical Intelligence é criar software aplicável a qualquer hardware robótico.

O mercado de capitais está apostando pesado nesse “dream team”. No mês de sua fundação, a Physical Intelligence levantou 70 milhões de dólares em rodada seed, liderada pela Thrive Capital, com participação da Khosla Ventures, Lux Capital, OpenAI e Sequoia Capital.

Apenas sete meses depois, em novembro de 2024, a Physical Intelligence levantou mais 400 milhões de dólares, com Jeff Bezos, fundador da Amazon, Thrive Capital e Lux Capital liderando, além de OpenAI, Redpoint Ventures e Bond como investidores.

Há apenas uma semana (21 de novembro), a Physical Intelligence levantou mais 600 milhões de dólares, atingindo uma avaliação de 5,6 bilhões de dólares. O fundo de crescimento independente da Alphabet, CapitalG, liderou a rodada, com Lux Capital, Thrive Capital e Jeff Bezos também participando.

Resumo

Do menino de Perth que escrevia código na escola primária, ao jovem que, sem faculdade, entrou para o núcleo da Stripe, até se tornar hoje um grande nome do Vale do Silício, com cheques milionários em uma mão e construindo robôs de IA com a outra. Lachy Groom provou com competência que sua história de vida é mil vezes mais interessante do que o rótulo de “ex-namorado de Altman”.

Referências: