Tether lança aplicativo de IA descentralizada e conjunto de dados para desafiar o domínio das Big Techs

Tether Data, o braço tecnológico da maior emissora de stablecoins do mundo, está expandindo para a inteligência artificial com o lançamento do que chama de o maior conjunto de dados sintéticos do mundo para modelos de IA focados em STEM.

Mais cedo hoje, a empresa revelou o QVAC Genesis I, um conjunto de dados com 41 bilhões de tokens criado para treinar modelos de linguagem orientados para ciência e engenharia, e o QVAC Workbench, um aplicativo de IA local multiplataforma que executa modelos diretamente em dispositivos do consumidor. Segundo a Tether, QVAC significa "QuantumVerse Automatic Computer".

"QVAC é a resposta da Tether para a IA centralizada. Um paradigma totalmente novo onde a inteligência roda de forma privada, local e sem permissão", diz a declaração de missão do site QVAC. "Sem nuvens. Sem guardiões. Apenas você, suas máquinas e inteligência imparável."

O movimento marca uma escalada notável das ambições da Tether além das finanças. A empresa afirmou que o conjunto de dados foi validado em benchmarks de matemática, física, biologia e medicina, e foi projetado para "nivelar o campo de jogo" para IA open-source, oferecendo aos pesquisadores uma alternativa aos dados proprietários controlados por empresas como OpenAI e Google.

Embora o QVAC Genesis I em si não seja um produto financeiro, o ecossistema QVAC mais amplo está sendo construído com ligações claras à infraestrutura cripto da Tether. Em declarações anteriores, a Tether disse que a arquitetura do QVAC eventualmente integrará Bitcoin e sua própria stablecoin, USDT, permitindo que agentes de IA transacionem autonomamente usando ativos digitais.

Isso sugere que a iniciativa pode evoluir além de dados e ferramentas de IA locais para uma rede onde agentes inteligentes podem não apenas aprender e raciocinar, mas também pagar, negociar e interagir diretamente através de blockchains.

“A inteligência não deve ser centralizada”, disse Paolo Ardoino, CEO da Tether, em um comunicado que acompanhou o lançamento. “Com o QVAC Workbench e o Genesis I, estamos abrindo a porta para uma inteligência infinita—IA que vive, aprende e evolui localmente no seu próprio dispositivo.”

O aplicativo para consumidores do QVAC

A empresa também lançou um aplicativo gratuito voltado para o consumidor chamado QVAC Workbench para smartphones—Android por enquanto, e iOS "em alguns dias"—assim como para plataformas desktop (Windows, macOS e Linux). "Com o QVAC Workbench, todos os chats e interações com os modelos de IA permanecem locais no dispositivo, onde os dados pertencem ao usuário e permanecem 100% privados", disse a empresa.

Também introduz um recurso peer-to-peer chamado inferência delegada, que permite ao aplicativo móvel transferir cálculos pesados para uma estação de trabalho desktop enquanto mantém todos os dados privados e locais.

Diferente do material de treinamento convencional extraído da internet pública, o conjunto de dados do QVAC é totalmente sintético: gerado, filtrado e validado por modelos treinados em materiais educacionais e científicos. A Tether afirma que os dados permitem que os modelos “raciocinem, resolvam problemas e pensem criticamente” em vez de simplesmente imitar padrões de texto. A análise técnica completa está disponível no blog de pesquisa do QVAC.

O aplicativo QVAC Workbench permite que os usuários executem grandes modelos de linguagem como Llama, MedGemma e Qwen inteiramente em seus telefones ou computadores.

A Tether enquadrou os lançamentos duplos como parte de um esforço maior para criar “inteligência local”, ou seja, IA que opera independentemente de servidores em nuvem. A empresa, que já domina o mercado de stablecoins com seu token USDT, está posicionando sua unidade de IA, Tether Data, como defensora da infraestrutura descentralizada que mantém tanto o dinheiro quanto a informação fora do controle corporativo.

Quem é dono da sua IA?

O projeto chega em meio a um debate crescente sobre o papel dos dados sintéticos no treinamento de modelos. Embora prometa privacidade e escalabilidade, céticos alertam que dados sintéticos de treinamento podem amplificar os vieses ou erros de seus modelos parentais, potencialmente cristalizando padrões de raciocínio distorcidos. O anúncio da Tether não especificou quais sistemas generativos produziram o conteúdo do Genesis I ou como foi realizada a garantia de qualidade.

Mesmo assim, o QVAC Genesis I representa um dos experimentos de dados abertos mais ousados já feitos por uma empresa privada de cripto. Se as alegações da Tether se confirmarem, isso pode dar a pesquisadores independentes e laboratórios menores uma nova posição na corrida da IA, e sinalizar a determinação da Tether de influenciar não apenas o futuro das finanças, mas da própria inteligência artificial.