O mercado se recupera, mudança repentina na postura dos EUA: os cálculos por trás da mudança na política em relação à China

Texto｜Colaborador especial da "Caijing" Jin Yan, de Washington

Editor｜Su Qi

Título original: Reversão do sentimento do mercado: por que os EUA suavizaram rapidamente sua postura em relação à China?

As preocupações sobre uma repetição da volatilidade do mercado em abril, desencadeadas por notícias relacionadas ao comércio e tarifas, começaram a se dissipar já na segunda-feira, 13 de outubro.

Com o governo Trump continuando a emitir sinais de distensão e buscando negociações, as ações dos EUA fecharam em alta na segunda-feira, com os três principais índices recuperando parte das perdas da última sexta-feira. O Dow Jones subiu quase 600 pontos, o S&P recuperou cerca de metade das perdas de sexta-feira. O ETF de semicondutores fechou em alta de mais de 4,4%, liderando os ETFs setoriais dos EUA, enquanto o setor de tecnologia do S&P subiu cerca de 2,5%. O índice de ações chinesas nos EUA fechou em alta de 3,2%.

O ouro continuou sua tendência de alta; no final do pregão de Nova York em 13 de outubro, o ouro à vista subiu 2,27%, cotado a 4.109,17 dólares/onça, com uma alta contínua e suave ao longo do dia, atingindo um novo recorde histórico de 4.117,13 dólares. Os contratos futuros de ouro da COMEX subiram 3,21%, para 4.128,80 dólares/onça, chegando a 4.137,20 dólares, um novo recorde intradiário. O índice Philadelphia Gold and Silver fechou em alta de 4,76%, a 309,59 pontos, superando o recorde histórico de fechamento de 309,12 pontos estabelecido em 8 de outubro. O índice NYSE ARCA de mineradoras de ouro fechou em alta de 4,00%, a 2.201,05 pontos, próximo ao recorde histórico de fechamento de 2.207,52 pontos de 8 de outubro.

O presidente dos EUA, Trump, ameaçou em 10 de outubro, horário local, impor tarifas em larga escala sobre produtos chineses, incluindo a implementação de controles de exportação sobre softwares críticos. Trump afirmou que, em resposta aos controles de exportação chineses sobre terras raras e outros itens relacionados, os EUA imporiam tarifas de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro. O mercado de ações dos EUA experimentou grande volatilidade, com o volume de negociações de opções atingindo um recorde histórico.

Nas mais de 60 horas seguintes, a postura do governo dos EUA mudou drasticamente. Trump sugeriu que não implementaria o "grande aumento de tarifas" ameaçado, enquanto o vice-presidente Vance sinalizou esperança de negociações. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Besant, revelou em entrevista à mídia americana que houve muita comunicação entre EUA e China durante o fim de semana: "Já reduzimos significativamente as tensões".

Vários analistas de Wall Street disseram à "Caijing" que, se Trump cumprisse a ameaça, enfrentaria riscos políticos significativos, além de aprofundar preocupações sobre o mercado americano e a inflação.

As terras raras são essenciais para a indústria de tecnologia. Em 9 de outubro, o Ministério do Comércio da China anunciou controles de exportação sobre 12 tecnologias essenciais, incluindo mineração, refino e fabricação de materiais magnéticos de terras raras, estabelecendo pela primeira vez uma participação mínima de 0,1% de componentes chineses como critério para exportação de produtos ao exterior, além de exigir aprovação caso a caso para usos militares e desenvolvimento de chips de processos avançados. O porta-voz do Ministério do Comércio afirmou em 12 de outubro que as medidas de controle de exportação de terras raras e itens relacionados são uma prática legítima do governo chinês para aperfeiçoar seu sistema de controle de exportação, de acordo com leis e regulamentos.

Desde o novo conflito comercial entre China e EUA este ano, apesar de quatro rodadas de negociações aprofundadas, os dois governos ainda não conseguiram superar divergências centrais para resolver completamente a situação de "equilíbrio não cooperativo" que prejudica ambos os lados. A decisão de Trump de escalar novamente o conflito comercial no momento crucial que antecede a abertura da Cúpula da APEC foi interpretada como uma tentativa de exercer pressão máxima antes das negociações, buscando mais vantagens — uma tática para a nova rodada de negociações comerciais.

No domingo, o Ministério do Comércio da China declarou que ameaças com tarifas elevadas não são a maneira correta de lidar com a China. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, afirmou na coletiva regular de 13 de outubro que, recentemente, os EUA continuaram a adotar uma série de restrições e sanções contra a China, prejudicando seriamente os interesses chineses. A China se opõe firmemente a isso. Lin Jian disse que, em vez de refletir sobre si mesmos, os EUA ameaçam com tarifas altas, o que não é a maneira correta de lidar com a China. A China insta os EUA a corrigirem rapidamente suas práticas erradas, guiados pelo importante consenso alcançado entre os líderes dos dois países, resolvendo preocupações mútuas por meio do diálogo com base na igualdade, respeito e reciprocidade, gerenciando adequadamente as divergências e mantendo um desenvolvimento estável, saudável e sustentável das relações China-EUA. Se os EUA insistirem em seguir seu próprio caminho, a China certamente tomará medidas correspondentes para salvaguardar seus direitos e interesses legítimos.

A escalada tarifária entre China e EUA em abril deste ano já provou que as ameaças dos EUA de tarifas de 100% ou mais são difíceis de implementar na prática, perdendo basicamente o sentido econômico.

O mercado respondeu a essa escalada de conflito com forte volatilidade. Dados mostram que o volume total de negociações de opções nos EUA ultrapassou 100 milhões de contratos, apenas a segunda vez na história — a última foi em 4 de abril, quando o mercado caiu 5,97%. O volume de opções de venda atingiu o segundo maior recorde da história, enquanto o volume de opções de compra atingiu um novo recorde, com mais de 60 milhões de contratos negociados.

No domingo, Trump adotou uma postura mais conciliadora. Ele postou nas redes sociais: "Não se preocupem com a China, tudo ficará bem!" Mais tarde, no "Air Force One", disse a repórteres que espera chegar a um acordo com a China, afirmando que 1º de novembro "ainda está longe" e que "acredito que ficará tudo bem entre nós e a China".

O vice-presidente dos EUA, Vance, afirmou que, se a China "estiver disposta a adotar uma postura racional", Trump está aberto a negociações com a China. Vance disse que conversou com Trump tanto no sábado quanto no domingo. Segundo Vance, Trump "valoriza a amizade que construiu com a China".

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Besant, revelou em entrevista à mídia americana que houve muita comunicação entre EUA e China durante o fim de semana: "Já reduzimos significativamente as tensões". Ele disse: "Acredito que o plano para esta reunião ainda está de pé, criando condições para a retomada das negociações entre os dois países." Besant também mencionou que, durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial em Washington nesta semana, os EUA terão "encontros de alto nível" com autoridades chinesas.

Os investidores foram encorajados pelas declarações de Trump. O bitcoin subiu mais de 3% no fim de semana, sendo negociado acima de 115.000 dólares. Os contratos futuros de ouro e prata subiram mais de 1%, enquanto os futuros de petróleo subiram quase 1%. O índice DXY da Intercontinental Exchange, que mede o dólar em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, ficou praticamente estável.

Analistas disseram à "Caijing" que há várias razões por trás da rápida suavização da postura dos EUA em relação à China.

Recentemente, os líderes da China e dos EUA chegaram a um acordo "estrutural" sobre os negócios do TikTok nos EUA; se a transação for concluída com sucesso, será um raro avanço nas negociações comerciais entre os dois países. O próprio Trump está aguardando a aprovação do Congresso dos EUA para o acordo e não quer agir precipitadamente e perder o negócio do TikTok.

Além disso, Trump já começou a colocar a questão da soja sino-americana na agenda prioritária. Os agricultores de soja dos EUA enfrentam pressão devido à contração do mercado, especialmente nos estados agrícolas que apoiaram fortemente Trump. Se as perspectivas de venda de soja americana para a China forem sombrias, isso representará um risco político para Trump.

De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA, desde maio deste ano, a China não fez nenhum novo pedido. No ano passado, dos 24,5 bilhões de dólares em produção de soja dos EUA, quase metade foi consumida pela China. Foto/Jin Yan

Em terceiro lugar, a China lidera o fornecimento global de terras raras. Atualmente, controlar metais de terras raras e matérias-primas e tecnologias de baterias é crucial, pois esses materiais e tecnologias impulsionarão a próxima geração da indústria. Se Trump aumentar as ameaças tarifárias, o controle chinês sobre terras raras representará um risco para as cadeias de suprimentos automotiva e aeroespacial dos EUA.

Nos EUA, o governo está paralisado há quase duas semanas. As medidas de demissão permanente de Trump aumentaram a desconfiança dos democratas em relação aos republicanos, o que pode prolongar o tempo de paralisação do governo. Além disso, o prazo para o pagamento de salários está se aproximando. O dia 15 de outubro é o próximo dia de pagamento para a maioria dos funcionários federais, podendo ser a primeira vez que muitos servidores públicos enfrentem salários atrasados.

Os EUA já vêm sofrendo com o impacto das tarifas no crescimento econômico. Recentemente, muitos economistas elevaram as previsões de crescimento dos EUA devido ao aumento da certeza em torno da política tarifária. A incerteza política e o aumento dos custos causados pela política tarifária podem causar ainda mais danos à economia americana.