Deutsche Börse e Circle fazem parceria para expandir o uso de stablecoins na Europa

O maior operador de bolsas da Europa está avançando para incluir stablecoins em sua infraestrutura de mercado. A iniciativa visa aproximar o euro de uma posição relevante nas finanças digitais.

O Deutsche Börse Group anunciou que irá colaborar com a Circle Internet Financial para implementar os tokens lastreados em euro e dólar da emissora, de acordo com o novo regulamento de criptoativos da União Europeia. A iniciativa também segue pilotos recentes em que USDC e EURC da Circle foram utilizados pela Visa para testar liquidações internacionais mais rápidas para empresas.

Deutsche Börse e Circle miram adoção regulada pelo MiCA

A parceria ocorre enquanto as stablecoins em euro permanecem marginais. Seu valor combinado está abaixo de €350 milhões, em comparação com mais de $160 bilhões em tokens lastreados em dólar.

Ao integrar EURC e USDC da Circle à sua plataforma de negociação 360T, à corretora institucional Crypto Finance e à rede de custódia da Clearstream, o Deutsche Börse busca reduzir essa diferença. A Circle destacou que foi a primeira emissora global a alcançar conformidade com o Markets in Crypto-Assets Regulation (MiCA) da União Europeia.

A capitalização de mercado das stablecoins denominadas em euro de 2021 a 2025 mostra fragmentação entre os emissores. O mercado permanece abaixo de €500 milhões em comparação com mais de $160 bilhões em tokens lastreados em dólar.

“Os ativos digitais têm o potencial de remodelar os mercados financeiros ao aumentar a eficiência e a segurança. Por meio desta colaboração, estamos dando um passo decisivo para integrar stablecoins em uma infraestrutura confiável”, disse Stephanie Eckermann, membro do conselho do Deutsche Börse.

Reguladores cautelosos enquanto concorrentes intensificam a competição

A iniciativa intensifica a competição. Nove bancos europeus, incluindo ING e UniCredit, formaram um consórcio para emitir um token em euro até 2026, sujeito à aprovação regulatória holandesa. Enquanto isso, a Forge do Société Générale já lançou sua própria moeda denominada em euro na Stellar.

Os formuladores de políticas permanecem divididos. O Banco Central Europeu alertou que o MiCA pode ser muito brando. Em contraste, a Comissão Europeia está se preparando para flexibilizar as regras. Autoridades da UE alertaram que tokens dos EUA sem controle podem minar a estabilidade do euro.

Além disso, especialistas destacam deficiências na emissão transfronteiriça. Um relatório da BeInCrypto classificou o arcabouço como incompleto. O conselheiro do BCE, Jürgen Schaaf, argumentou em um blog do BCE que a soberania pode ser erodida sem uma resposta estratégica, embora a disrupção também possa fortalecer o euro.

A resistência persiste. O CEO da Tether, Paolo Ardoino, zombou do euro digital e rejeitou a conformidade com o MiCA. Enquanto isso, defensores do consumidor alertam que emissores não transparentes correm o risco de serem excluídos dos mercados da UE.

Para o Deutsche Börse e a Circle, a aposta é que a integração de stablecoins reguladas em sistemas convencionais pode redesenhar a infraestrutura financeira da Europa. Isso também pode definir o papel do euro nas finanças digitais globais.