DWF Labs lança fundo de investimento DeFi "proprietário" de 75 milhões de dólares

A formadora de mercado de criptoativos DWF Labs está a lançar um novo fundo de investimento de 75 milhões de dólares focado em DeFi. A iniciativa irá direcionar projetos que estão a ser desenvolvidos em Ethereum, BNB Chain, Solana e Base, disse a DWF Labs ao The Block.

De acordo com Andrei Grachev, cofundador e managing partner da DWF, este movimento representa uma expansão dos atuais — e por vezes controversos — “esforços de incubação e construção de venture” da DWF. Em particular, a DWF procura investir na próxima geração de fundadores que estejam a “resolver problemas estruturais reais em liquidez, liquidação, crédito e gestão de risco on-chain, em vez de variações incrementais de protocolos já existentes.”

Isto inclui ferramentas como perp DEXs “dark pool” e mercados monetários on-chain, produtos de rendimento fixo ou com geração de yield, que estão “prestes a crescer significativamente à medida que a liquidez continua a migrar estruturalmente para on-chain.”

Segundo Grachev, o novo fundo é proprietário e não está, para já, a aceitar novos investidores.

“O DeFi está a entrar na sua fase institucional,” disse Grachev. “Estamos a ver uma procura real por infraestruturas capazes de lidar com grandes volumes, proteger o fluxo de ordens e gerar rendimento sustentável. Este fundo foi desenhado para apoiar fundadores que estão a construir os sistemas que irão definir a próxima década dos mercados financeiros abertos.”

Ativo, embora opaco

Grachev, anteriormente CEO da Huobi Russia, cofundou oficialmente a DWF Labs em 2022 como uma extensão da empresa suíça de trading de alta frequência Digital Wave Finance. A empresa rapidamente ganhou destaque ao começar a investir centenas de milhões em todo o ecossistema cripto, especialmente na Ásia e no Médio Oriente, e a apoiar grandes negócios OTC.

Em 2023, a Binance Research afirmou que a DWF Labs foi a empresa de venture focada em cripto mais ativa entre o terceiro trimestre de 2022 e o terceiro trimestre de 2023, tendo liderado 39 negócios num total de 324 milhões de dólares. Na altura, a empresa contava com mais de 700 projetos blockchain no seu portfólio, número que, segundo o seu website, já ultrapassa os 1.000.

A estrutura opaca da empresa — incluindo potenciais conflitos entre as suas áreas de market making e de capital de risco — já foi alvo de escrutínio no passado. O The Block reportou anteriormente que a empresa não é “uma instituição financeira licenciada na maioria das jurisdições e normalmente conduz as suas operações através de entidades sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas e Singapura.” 

Enquanto vários formadores de mercado de cripto também mantêm portfólios de venture, estas unidades costumam ser separadas por um firewall para evitar conflitos de interesse. Os muitos negócios OTC da DWF também têm sido alvo de críticas, sendo vistos como uma forma de projetos de tokens venderem as suas reservas sob o pretexto de uma parceria ou investimento.

Questionado sobre o tamanho relativo da equipa de investimento em comparação com a DWF Labs como um todo, Grachev afirmou que a empresa opera como “uma equipa global enxuta, com especialistas em trading, engenharia, pesquisa e investimentos.” E, questionado sobre o sucesso de fundos de investimento anteriores, Grachev recusou-se a especificar números de desempenho de negócios individuais devido a cláusulas de confidencialidade.

Porquê agora?

O novo fundo da DWF surge num período prolongado de queda nos investimentos relacionados com cripto, pelo menos em comparação com o auge da atividade de VC durante o bull market da pandemia. Segundo dados do The Block Research, os levantamentos de startups cripto caíram substancialmente na primeira metade de 2025, totalizando apenas 856 negócios até agosto, em comparação com 1.933 no mesmo período do ano passado.

“O mercado atual é o momento ideal para apoiar fundadores excecionais e acelerar a próxima vaga de builders. As condições são desafiantes, mas é precisamente nestas alturas que surgem os builders mais fortes, e queremos apoiá-los agora,” disse Grachev. No início deste ano, a empresa lançou um “Liquid Fund” para apoiar empresas cripto de média e grande capitalização. Já introduziu anteriormente programas de investimento cripto especializados para verticais que vão desde IA descentralizada até memecoins.

O novo fundo é flexível quanto à maturidade dos projetos, embora a empresa esteja a direcionar-se a fundadores que já tenham pelo menos um produto minimamente viável. E, embora Grachev considere Ethereum, Solana e BNB Chain como os mais relevantes, poderá investir noutros ecossistemas cripto. Grachev salientou que a empresa procura apoiar ferramentas que resolvam problemas enfrentados por traders institucionais ao tentarem entrar em DeFi, como a falta de liquidez e privacidade.

Em particular, dark pools — locais de negociação que preservam a privacidade, desenhados para casar ordens de compra/venda anonimamente sem mostrar cotações ou tamanhos de ordens, normalmente usados por traders institucionais ou de grande porte — podem ser usados para manter “mercados ordenados”, disse Grachev. Ele já apoiou anteriormente o dark pool Black Ocean, apresentado como uma plataforma para negociar grandes volumes sem afetar os preços dos tokens no mercado aberto.

“A maioria dos mercados maduros utiliza alguma forma de liquidez em bloco para evitar que grandes negociações causem pressão excessiva no mercado ou se tornem alvo de especulação. O cripto está gradualmente a considerar ferramentas relacionadas à medida que escala,” acrescentou.

O website da DWF indica que os seus “serviços não se limitam estritamente ao market making e/ou investimento”, podendo estender-se desde apoio a listagens em exchanges e marketing até consultoria jurídica e bootstrapping de liquidez. A empresa fornece, alegadamente, serviços de market making em mercados spot e de derivados em 60 exchanges centralizadas e descentralizadas para tokens dentro e fora do seu portfólio.

Grachev salientou que este apoio multinível foi desenhado para dar aos fundadores “uma vantagem injusta num mercado onde a distribuição e a liquidez são tão importantes quanto o produto.”

“A DWF Labs vê o próximo ciclo de crescimento do DeFi como um definido pela utilidade real e não por hiperatividade especulativa,” afirmou a empresa. “À medida que a liquidez institucional entra nos derivados on-chain, os mercados de crédito começam a padronizar-se e os produtos de yield evoluem para estruturas mais transparentes, semelhantes a rendimento fixo, a empresa acredita que a infraestrutura fundamental ainda está largamente por construir.”

Em abril, a DWF anunciou que estava a forjar uma relação estratégica com a World Liberty Financial, o projeto cripto da família Trump, incluindo um investimento de 25 milhões de dólares no token de governança WLFI e o lançamento de apoio à liquidez para a stablecoin USD1 da World Liberty. Nesse mesmo mês, a empresa abriu um escritório no bairro SoHo, em Nova Iorque.