Criminosos e suas redes controlam US$ 75 bilhões em criptoativos — relatório da Chainalysis
Isso demonstra que os criminosos estão adotando estratégias mais sofisticadas, utilizando mixers, pontes cross-chain e carteiras intermediárias.

Um novo relatório da Chainalysis revelou que criminosos e suas redes associadas detêm cerca de US$ 75 bilhões em criptoativos obtidos por meios ilícitos.
Os dados, coletados até julho de 2025, mostram que o volume de fundos ilegais na blockchain aumentou 359% desde 2020, refletindo tanto o crescimento do mercado cripto quanto a sofisticação das operações criminosas.
Segundo a empresa de análise on-chain, entidades ilícitas diretamente identificadas — incluindo carteiras associadas a golpes, hacks, lavagem de dinheiro e mercados da dark web — somam quase US$ 15 bilhões em Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e stablecoins.
Além disso, carteiras ‘a jusante’, ou seja, aquelas que recebem mais de 10% de seus fundos de origens ilícitas, concentram outros US$ 60 bilhões, elevando o total a níveis recordes.
Darknet continua sendo o principal destino de fundos ilícitos
Os mercados da darknet dominam amplamente o cenário.
De acordo com a Chainalysis, essas plataformas controlam mais de US$ 46,2 bilhões em valor on-chain, tornando-se a maior categoria de detentores de criptomoedas associadas a atividades criminosas.
Essa predominância não é uma surpresa. Desde o Silk Road, em 2011, a darknet foi uma das primeiras a adotar o uso de Bitcoin como meio de pagamento anônimo .
Com o tempo, as carteiras associadas a esses mercados se valorizaram, beneficiando-se da apreciação dos preços dos criptoativos.
A análise também destaca o papel de plataformas de lavagem de dinheiro, como a Black U, que funcionam como pontos intermediários de redistribuição, dificultando o rastreamento dos fluxos ilícitos.
Apesar disso, a Chainalysis observa que hackers enfrentam dificuldades em converter grandes volumes de criptomoedas em dinheiro fiduciário sem serem detectados, o que os obriga a manter saldos on-chain por períodos mais longos.
Um exemplo citado é o ataque de US$ 1,5 bilhão à corretora Bybit, atribuído a grupos ligados à Coreia do Norte, que ilustra o desafio logístico de movimentar somas dessa magnitude sem acionar alertas de conformidade.
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Concentração de fundos ilícitos e padrões de comportamento
O estudo mostra que em categorias como fundos roubados, ransomware e mercados da darknet, mais de 50% dos saldos estão concentrados nas três maiores carteiras.
Já em atividades como financiamento do terrorismo e distribuição de material ilegal, a concentração é menor, pois as carteiras são mais efêmeras e rapidamente substituídas.
A distribuição por tipo de ativo também chama atenção:
- Stablecoins tendem a ser mais dispersas, já que criminosos as utilizam para mitigar riscos de volatilidade, mesmo sabendo que emissores centralizados podem congelar tokens suspeitos.
- Bitcoin e Ethereum, por outro lado, continuam sendo as moedas mais retidas, principalmente por sua liquidez global e resistência à censura.
A Chainalysis constatou que as stablecoins são quase sempre liquidadas em até 90 dias após o último influxo de fundos, com apenas 29,5% das carteiras ainda mantendo saldos após um ano.
No caso do Ethereum, movimenta-se cerca de 87% dos tokens nos primeiros 90 dias, enquanto 35,6% das carteiras permanecem ativas após 12 meses.
O Bitcoin, porém, demonstra uma resiliência superior: apenas 52% são movimentados em 90 dias, e 36,7% das carteiras continuam detendo BTC após um ano — um sinal de que muitos agentes preferem esperar a valorização do ativo antes de liquidá-lo.
Exchanges centralizadas ainda são o principal ponto de conversão
Apesar do avanço das ferramentas de compliance, as corretoras centralizadas (CEXs) continuam sendo a principal via para que criminosos convertam cripto em moeda fiduciária.
Entre janeiro e junho de 2025, os fluxos de fundos ilícitos para exchanges ultrapassaram US$ 7 bilhões, com uma média anual acima de US$ 14 bilhões desde 2020.
No entanto, houve uma mudança estrutural.
Em 2021 e 2022, mais de 40% dos fundos ilegais eram enviados diretamente para exchanges; hoje, essa taxa caiu para cerca de 15%.
Isso demonstra que os criminosos estão adotando estratégias mais sofisticadas, utilizando mixers, pontes cross-chain e carteiras intermediárias para fragmentar transações e dificultar rastreamentos.
Outro dado relevante é a vida útil das operações ilícitas:
- Golpes e ransomware tendem a ter ciclos curtos, com 50% das carteiras se tornando inativas logo após o primeiro evento.
- Mercados da darknet e lojas de fraude online, por sua vez, têm tempo médio de operação entre 807 e 959 dias, sustentados por redes estabelecidas e reputações consolidadas.
- Operações de financiamento terrorista são as mais curtas, com meia-vida de apenas 54 dias, devido à intensa vigilância e rápida reação das autoridades.
Desafios para autoridades e novas estratégias de combate
A Chainalysis ressalta que, embora stablecoins centralizadas possam ser congeladas pelos emissores, a recuperação de Bitcoin e outras criptos permissionless exige obtenção de chaves privadas ou interceptação de fundos nos pontos de conversão regulados.
Para lidar com esse cenário, o relatório recomenda que as autoridades:
- Tenham poderes legais para apreensões rápidas em investigações sensíveis ao tempo;
- Fortaleçam a cooperação internacional, já que as transações ocorrem em múltiplas jurisdições;
- E invistam em capacitação técnica e ferramentas avançadas de análise blockchain para rastrear fluxos com maior precisão.
A Chainalysis conclui que, com coordenação adequada, parte significativa desses US$ 75 bilhões em criptoativos ilícitos pode ser rastreada e eventualmente apreendida.
O motivo: todos os fundos permanecem registrados de forma pública e permanente nas blockchains.
Um mercado em evolução — e um alerta para o futuro
O levantamento evidencia que o ecossistema cripto, apesar de cada vez mais institucionalizado, ainda enfrenta grandes desafios ligados à segurança e à lavagem de dinheiro digital.
Ao mesmo tempo, a maior transparência das blockchains está se tornando uma ferramenta estratégica para a aplicação da lei.
Sobretudo, transformando o que antes era um esconderijo em um livro contábil público e rastreável.
Para a Chainalysis, o crescimento das operações ilegais também reflete o amadurecimento do setor.
Em suma, quanto maior o volume transacionado globalmente, maior a atratividade do ecossistema para agentes ilícitos.
A diferença agora é que a rastreabilidade on-chain dá às autoridades uma vantagem inédita.
Desse modo, o verdadeiro desafio é transformar esses dados em ações coordenadas e eficazes.
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